A década de 80 foi marcante para o Rock e o Heavy Metal em geral e
teve no ano de 1986 o seu auge, marcado por lançamentos de peso por todo
o mundo, em especial no Thrash Metal, que teve neste ano o lançamento
de alguns de seus discos mais importantes.
O mais engraçado é que
1986 tinha tudo para ser um ano a ser esquecido, afinal, logo no 4° dia
de janeiro a notícia da morte de Phil Lynott, ex-frontman do THIN LIZZY,
aos 36 anos, pegava todos de surpresa. A causa teria sido relacionada
ao consumo excessivo de drogas.
Mas, apesar desta tragédia logo no início do ano, o ano de 1986 ficaria
realmente marcado pelo lançamento de grandes discos e pela consolidação
de várias bandas.
Em termos musicais, o ano inicia com o lançamento de “Seventh Star”, décimo segundo álbum de estúdio do BLACK SABBATH.
Com a saída do baixista Geezer Butler, o guitarrista Tony Iommi se
tornaria o único membro da formação original da banda e teve ao seu lado
o renomado baixista e vocalista Glenn Hughes. O lançamento ocorreu em
28 de Janeiro e não obteve o mesmo sucesso comercial dos primeiros
discos da banda, com Ozzy Osbourne no vocal.
No mês de Fevereiro ocorreu o lançamento de três grandes discos, um deles talvez o mais importante do ano. A 17 de Fevereiro, KING DIAMOND lança seu primeiro disco solo após sair do MERCYFUL FATE.
No disco nomeado “Fatal Portrait”, constam clássicos como “The Candle” e
“Halloween”, além do bônus track “No Presents for Christmas”.
Ozzy
Osbourne, com sua carreira solo já consolidada após o lançamento de
“Blizzard of Ozz”, “Diary of a Madman”, “Bark at the Moon”, viria a
lançar em 22 de Fevereiro o polêmico “The Ultimate Sin”. Muitos
consideram esse um álbum clássico do Madman assim como os anteriores,
mas muitos o julgam negativamente por ser bem diferente dos lançamentos
anteriores de Ozzy. Não obstante, músicas como "The Ultimate Sin",
"Killer of Giants" e "Shot in the Dark" se tornaram clássicos
incontestáveis do vocalista.
Quase no final do mês de Fevereiro de
86 temos o lançamento daquele que se tornaria um dos maiores clássicos
da história do Heavy Metal. “Master of Puppets”, terceiro disco do METALLICA,
foi lançado em 24 de Fevereiro e se tornou logo um clássico absoluto,
tendo a maior vendagem para discos de Thrash Metal até aquele momento.
Este disco consolidou tanto a banda, quanto o estilo musical que
praticavam e influencia músicos de todos os estilos de Heavy Metal até
os dias de hoje. Nele constam verdadeiros hinos do Metal como "Battery",
"Master of Puppets", "Welcome Home (Sanitarium)" e "Orion".
Em
Março ocorreu o lançamento de um dos álbuns mais marcantes do VOIVOD, o
magnífico “Rrröööaaarrr”. Mas foi o lançamento de “5150” do VAN HALEN
que marcou este mês. Lançado em 24 de Março, “5150” tem a entrada do
vocalista Sammy Hagar no lugar de David Lee Roth e apesar da mudança
drástica, este foi o maior sucesso comercial da banda até aquele momento
e rendeu clássicos instantâneos como "Why Can't This Be Love",
"Dreams", "Love Walks In", "Best of Both Worlds" e "Summer Nights".
Em Abril ocorrem os lançamentos do polêmico “Turbo” do JUDAS PRIEST, do Power/Thrash “Malicious Intent” do RAZOR e de “Russian Roulette” do ACCEPT, que marcaria a saída do vocalista Udo Dirkschneider.
No mês de Maio temos o lançamento de “The Force” do ONSLAUGHT, os alemães do RAGE lançam seu álbum de estréia “Reign of Fear” e o AC/DC
lança “Who Made Who”, trilha sonora do filme “Maximum Overdrive”,
escrito e dirigido por Stephen King. O maior destaque desse mês fica
para o lançamento de “The Final Countdown” do EUROPE, de onde saiu o maior clássico da banda, a faixa título do álbum, conhecida até por quem não é fã do gênero.
Junho
inicia com o lançamento do clássico máximo do Doom Metal, “Epicus
Doomicus Metallicus” do CANDLEMASS. O disco de estréia dos suecos
definiria os alicerces para a vertente mais melancólica do Heavy Metal
em músicas como "Solitude", "Demons Gate" e "Crystal Ball". Ainda em
Junho temos o lançamento de “Change of Address” do KROKUS, “Fight for
the Rock” do SAVATAGE e do Ao Vivo “Intermission” do DIO.
Entramos
na segunda metade do ano de 1986 com muitos lançamentos simultâneos.
Julho foi o mês em que mais ocorreram lançamentos neste ano e muitos
deles são alguns dos melhores discos de 86.
O primeiro lançamento
de Julho fica a cargo do TANKARD, com seu melhor disco: “Zombie Attack”,
com petardos como "Zombie Attack", "Empty (Tankard)" e "Thrash 'till
Death". Logo em seguida, mais precisamente em 4 de Julho, o FLOTSAM AND
JETSAM lança seu disco “Doomsday for the Deceiver”, seguido de perto
pelo QUIET RIOT, que no dia 6 de Julho lançaria o maravilhoso “QR III”.
No dia seguinte foi a vez DAVID LEE ROTH lançar seu disco de estréia em
carreira solo “Eat 'Em and Smile”, acompanhado por ninguém menos que Steve Vai e obter um sucesso estrondoso, especialmente em faixas como as insanas "Yankee Rose" e "Goin' Crazy!".
Em 12 de Julho, os alemães do DESTRUCTION
lançam a obra-prima “Eternal Devastation”, eternizando clássicos como
"Curse the Gods", "Life Without Sense" e "Eternal Ban". O álbum é
considerado até hoje como um dos principais discos do Thrash Metal
europeu. Este mesmo dia também ficou marcado pelo clássico show do QUEEN em Wembley, considerado como um dos melhores concertos de Rock da história.
Ainda
teríamos em Julho o lançamento de “Rage for Order” do QUEENSRŸCHE, que
precedeu o histórico “Operation: Mindcrime e do segundo álbum do MEGADETH,
o clássico “Peace Sells... but Who's Buying?”, que marca a evolução da
banda e a eleva ao nível de mega-banda. As principais músicas do disco
(não necessariamente as melhores) são "Wake Up Dead", "Peace Sells" e
"My Last Words".
O mês de Agosto foi totalmente Hard Rock, com o lançamento de “Night Songs” do CINDERELLA, “Look What the Cat Dragged In” do POISON
(aquele mesmo da capa que parece capa de revista de cabeleireiro) e
“Dancing Undercover” do RATT. Do lado totalmente oposto a este estilo
tivemos ainda o lançamento de “Orgasmatron” do MOTÖRHEAD. Por fim,
voltando ao Hard Rock, a 18 de Agosto os americanos do BON JOVI
lançam o consagrado “Slippery When Wet”, onde foram gravados alguns de
seus maiores sucessos, como "You Give Love a Bad Name", "Livin' on a
Prayer" e "Wanted Dead or Alive". Este disco é considerado por muitos o
melhor da banda e um dos mais influentes na história do Hard Rock.
O
mês de Setembro de 1986 ficou e ficará na memória de qualquer
Headbanger, mesmo os que não eram nascidos ainda. Este mês é marcado por
uma das maiores fatalidades da história do Heavy Metal, a morte o
baixista Cliff Burton, do METALLICA.
A tragédia ocorreu durante uma turnê, enquanto a banda viajava pela
Suécia. Segundo o motorista, o ônibus da banda havia derrapado no gelo
acumulado na estrada e com isso capotado, Cliff foi jogado para fora do
ônibus, que caiu por cima dele, matando-o. Apesar da tragédia, a banda
logo voltaria para a estrada com o baixista Jason Newsted substituindo
Burton.
O mês de Setembro ainda teve o lançamento de dois álbuns importantes: “Constrictor” de ALICE COOPER e o magnífico, mas subestimado, “Somewhere in Time” do IRON MAIDEN.
O disco obteve excelente sucesso comercial, mas foi massacrado pela
mídia e pelos fãs, que acusavam a banda de estar se tornando mais
comercial devido ao uso de sintetizadores na gravação do álbum. Anos
mais tarde esse se tornaria um dos muitos clássicos da Donzela.
Outubro
foi o mês do Thrash/Death Metal, apenas com lançamentos acima da média,
que se tornariam referências no estilo. Neste mês tivemos o NUCLEAR
ASSAULT lançando o seu melhor disco, “Game Over”, o METAL CHURCH
lançando “The Dark”, o POSSESSED lançando “Beyond the Gates” e por fim,
um dos mais importantes discos da história do Thrash Metal, o influente
“Reign in Blood” do SLAYER,
classificado pela maioria dos fãs até hoje como o melhor disco da banda
e presença carimbada no TOP 5 da maioria dos fãs de música pesada em
geral. O disco é tão intenso e coeso que é quase impossível citar uma ou
outra música, mas isso seria uma injustiça com as clássicas “Angel of
Death” e “Raining Blood” que se tornaram verdadeiros hinos do Thrash
Metal.
Como
este ano foi marcado em especial por lançamentos de Thrash Metal, em
Novembro não poderia ser diferente, com o lançamento de “Pleasure to
Kill” do KREATOR, mais um marco na história do Thrash Metal europeu. Ainda tivemos em novembro o virtuosismo de YNGWIE MALMSTEEN em “Trilogy”, o lançamento de “Inside the Electric Circus” do W.A.S.P., “Awaken the Guardian” do FATES WARNING e o influente “Darkness Descends”, disparadamente o melhor disco do DARK ANGEL.
Por
fim, sinto-me na obrigação de abrir um parágrafo apenas para falar da
inclusão do Brasil na cena Heavy Metal mundial, com o lançamento de
“Morbid Visions”, do SEPULTURA.
Os irmãos Cavalera, acompanhados de Jairo Guedez na guitarra e Paulo
Jr. no baixo, fariam história com o lançamento deste disco que colocaria
o Brasil definitivamente na briga por um lugar ao sol nesta cena
musical tão disputada. Este disco abriu muitas portas para o SEPULTURA,
bem como para várias outras bandas brasileiras. Não existe nenhum
verdadeiro hino neste disco (Talvez “Troops of Doom”), mas sua
importância está no seu pioneirismo e na categoria dos músicos. Um
lançamento histórico!
Ainda no Brasil, o ano de 1986 é marcado pelo lançamento de grandes clássicos do rock nacional: “Longe Demais das Capitais”, do ENGENHEIROS DO HAWAII,
“Cabeça Dinossauro” dos TITÃS, “Dois” da LEGIÃO URBANA, “Selvagem?” dos
PARALAMAS DO SUCESSO, “Vivendo e Não Aprendendo” do IRA, “Capital
Inicial” do CAPITAL INICIAL e “Rádio Pirata Ao Vivo” do RPM.
Outros lançamentos importantes:
BEOWÜLF – “Beowülf”
BLACK 'N BLUE – “Nasty Nasty”
FASTWAY – “Trick or Treat”
HELSTAR – “Remnants of War”
MORTAL SIN – “Mayhemic Destruction”
KEEL – “The Final Frontier”
KICK AXE – “Rock the World”
LIZZY BORDEN – “The Murderous Metal Roadshow, Menace To Society”
TONY MACALPINE – “Edge Of Insanity”
RACER X – “Street Lethal”
R.E.M – “Lifes Rich Pageant”
SADUS – “D.T.P.”
SOUND BARRIER – “Speed of Light”
STRYPER – “To Hell with the Devil”
TAROT – “Spell of Iron”
TESLA – “Mechanical Resonance”
VINNIE VINCENT INVASION – “Vinnie Vincent Invasion”
WARLOCK – “True as Steel”
O
ano de 1986 definitivamente está cravado a ferro e fogo na história da
música pesada, sendo lembrado com saudosismo pelos que viveram e com
nostalgia para aqueles que ouviriam as histórias sendo contatadas. Um
ano que nunca será esquecido por Roqueiros e Headbangers.
Fontes:
1986: O ano definitivo da música pesada,
Encyclopaedia Metallum
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